O dia do professor
- Saulo Marzochi
- 25 de out. de 2015
- 2 min de leitura
Outro dia foi o dia do professor. Eu já tentei ser professor uma vez, mas a hora-aula não pagava nem a gasolina, isso em escola particular. Mesmo os melhores colégios brasileiros são ruins, pois o padrão vigente é o da mediocridade. Quando escuto então o termo “pátria educadora” me dá nos nervos, pois parece uma piada de muito mau gosto, uma ofensa a uma sociedade que recebe apenas 3% do PIB em educação, na contramão dos países em verdadeiro desenvolvimento, que chegam a investir até mais de 20%, e cobrando.
Como professor, no mundo de hoje, na ditadura do politicamente correto, tinha que tratar os alunos como se fossem príncipes. Disse uma vez que se não prestassem atenção, no final do semestre, teriam de estufar o peito e vir chorando, e isso pegou muito mal, ora vejam só... O professor não tem mais autoridade nenhuma sobre os alunos, e tem de se comportar como um guia turístico, ou como um comissário de bordo.
A formação escolar também não ensina nada sobre motivação, frustração, meditação, e nada que seja realmente útil para o cotidiano, como cozinhar, cultivar uma horta, se orientar no espaço de acordo com a posição do sol, ou ter noções básicas de primeiros socorros. Também achamos que podemos escolher e comprar uma carreira, um curso de faculdade, como quem escolhe um produto no supermercado, obrigando os jovens a escolher uma carreira que mal conhecem ou procuraram saber, em vez de testar alguns estágios, empregos, ou coisas que realmente lhe interessem. Os jovens geralmente repetem o que escutam como papagaios, achando que sabem o que querem, só por terem ouvido falar. A escola maldosamente também tenta impor e manipular, incutindo a ideia de que nada serão sem o diploma da faculdade, o que é uma grande mentira. Depois de meia década terminam o curso de faculdade, caindo num mercado de trabalho que não está mais interessado em diplomados e sim em produtores de resultados, e de preferência, já com experiência e sem mimos, numa lógica totalmente diversa a da escola e da faculdade em que foram preparados até então.
A escola, na contramão do verdadeiro aprendizado, além da decoreba, ainda ensina a manipular, a colar, a dissimular, pois acabam sendo estes os alunos mais bem sucedidos, os que escapam das punições, aprendendo todos os valores às avessas, na contramão dos verdadeiros méritos. O único avanço que vejo é a recente iniciativa da escola em reduzir as intimidações entre alunos, o preconceito de raça e sexualidade e a tentativa de integração, mesmo que forçada, dos alunos com necessidades especiais, entre aqueles ditos normais.
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