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O dia em que fui à escola duas vezes no mesmo dia

  • Foto do escritor: Saulo Marzochi
    Saulo Marzochi
  • 27 de jan. de 2016
  • 2 min de leitura

Eu sempre detestei todas as escolas onde estudei e por sorte não nasci em Columbine. Um dia, em 1999, fiz a proeza de ir para escola duas vezes no mesmo dia, sem querer. O pior é que estudava muito longe de casa e precisava de dois ônibus para me deslocar de São Conrado até Laranjeiras. Tudo começou quando resolvi dar um cochilo depois do almoço, depois de voltar do colégio. Acordei às seis da tarde (no horário de verão), achando que já eram seis horas da manhã do dia seguinte. Encontrei meu pai de terno, que retornou mais cedo do trabalho, e estava lendo o jornal que não havia lido de manhã. Quando vi meu pai eu disse: - Bom dia! Que prontamente me respondeu: - Bom dia! Então engoli um pão com manteiga, tomei novamente minha tetraciclina e fui correndo para o ponto de ônibus, achando que já estava atrasado. Peguei o 178 e desci no Jardim Botânico para pegar o 569. Ao entrar no segundo ônibus percebi que estava escurecendo, um transito desgraçado e comentei com o negão do meu lado: - Está tudo escuro, o mundo está acabando! O negão respondeu: Pois é, o tempo está ficando meio fechado, acho que vai cair um pé d água. Estava tudo muito estranho e a única explicação para o fato seria um eclipse solar. Quando desci do ônibus senti um clima pesado, como se estivesse numa realidade paralela, como no filme “De volta para o futuro II”. Pensei: Este não é o meu mundo... Encontrei então a porta da escola fechada. Olhei no relógio de ponteiro: sete horas. Então bati na porta e fui recebido por outro porteiro, um que nunca tinha visto, (dessa realidade paralela). Estava começando a desconfiar, mas não queria acreditar. O porteiro me perguntou o que eu queria, e eu disse que estava indo para minha aula. Ele respondeu que não tinha aula alguma. Perguntei se era feriado, e ele disse que não sabia. Então me ocorreu de perguntar: - Que horas são? Ele respondeu: sete horas. Indaguei novamente: Da manhã ou da noite. Ele sorriu e disse: Da noite, claro. Saí correndo transtornado, e, depois de toda aquela baudiação, me achei no direito de pegar um taxi para voltar para casa. Ao comentar minha situação fui zoado de Laranjeiras até São Conrado. Como nessa época eu tinha a cabeça raspada e o colégio era judaico, no dia seguinte o diretor entrou em todas as salas informando que, na noite anterior, um nazista drogado havia tentado invadir a escola.


 
 
 

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