Relaxa e goza
- Saulo Marzochi
- 27 de mai. de 2016
- 2 min de leitura
Na infância, a história de chapeuzinho vermelho é recebida enquanto um assombro inconsciente ao perigo do estupro. Na adolescência, quando todo mundo começou a encher a cara, meus professores que eram sábios e politicamente incorretos já alertavam: - Cuidado! "Cu de bêbado não tem dono". Sempre achei esta frase um absurdo, quer dizer que não posso beber até cair que certamente... A frase tenta livrar o delito do criminoso, assim como "achado não é roubado", que beneficia certamente o ladrão. Mais tarde escutei outra pérola, (contada por uma mulher - às gargalhadas), que "se a curra (o estupro) é inevitável, então relaxa e goza". E é daí que veio o famoso "relaxa e goza".
O estupro, que não é cultura e sim crime, está engendrado obviamente na cultura do machismo. O papel do homem e da mulher é algo que se transforma ao longo do tempo. Na idade média não havia casamento sem estupro, e ainda em algumas culturas, a preocupação com o orgasmo feminino é secundária ou até mesmo refutada, contudo, entre Celtas e Vikings, as mulheres escolhiam livremente seus amantes, numa sociedade controlada por elas.
No Brasil dizem que os homens são mais mimados, e exigem de suas companheiras uma vontade que não necessariamente possuem, consentindo assim o estuprinho diário “e de direito”, enquanto os maridos americanos ficam a ver navios, com suas mulheres que pensam que estão em “Sex On The City”. Claro que existem vários níveis de vontades, mas é notável como algumas mulheres (e homens) podem desenvolver tesão na submissão, e no modo como desejam ser devoradas. Algumas inclusive querem o teatro do natural, um sexo tribal, que as façam se sentir possuídas, por vezes fingindo ser violentadas. Existem mulheres que exigem tapas na hora H, e para elas seriam estes os homens “com pegada”. Outras se contentam com o segurar do cabelo, e muitas certamente dirão – “ Você nunca mais encostará em mim assim, que eu não sou p!” Seja porque não querem e não gostam, seja porque querem e se censuram.
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