Teta na cara

Amamentar em público soa como uma forma homeopática de exercício do feminismo. Por mais delicada a cena, não deixa de ser uma revanche contra os machistas, os pudendistas, os hipócritas e contra a geração anterior que amamentava escondida. Acabo me deparando com mães que amamentam no Shopping Center. Algumas escolhem uma alameda mais sossegada, outras preferem o barulho insuportável da praça de alimentação, notando-se certo grau de exibicionismo, ou complexo identitário, de um “-Estou aqui! Sou mãe e tenho direito!”. Então desculpe, sem querer olhei pro seu peito! Logo na praça de alimentação, onde o cheiro do Bob`s se confunde com o do Mc Donald´s, que se confunde com o do Rei do Mate, que se confunde com o da Casa da Empada, que se confunde agora com a imagem daqueles seios que jorram leite morno e sem ovomaltine. Por isso as amas de leite eram sempre mulatas, para vir achocolatado! “Em teu seio, ó liberdade, desafia o teu peito a própria morte”. Longe de mim me sentir ofendido mediante ao nobre ato do aleitamento materno, mas tem maluco pra tudo, e se tem gente com tesão em grávida, certamente deve ter gente com tesão em mulher amamentando. Vai saber? Sinto que a evolução fez com que boa parte dos machos sapiens “respeitasse” mais as grávidas e as em aleitamento, por razões óbvias, mas sempre existe um ponto fora da curva, sem contar com o magnetismo natural com o que peitos e bundas femininas tendem a exercer sobre o foco ocular hetero-masculino. Involuntariamente. Não se pode esquecer, nem deixar de dar o devido crédito: ter filhos hoje em dia é quase um ato de guerrilha, frente a corrupção, ao aquecimento global, a desigualdade, ao terrorismo, ao egoísmo crescente que contraria o sentido da maternidade.