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O filho pródigo

  • Foto do escritor: Saulo Marzochi
    Saulo Marzochi
  • 28 de jan. de 2017
  • 1 min de leitura

Uma vez me acusaram de ser um filho pródigo. Além de possivelmente irresponsável eu era tão ignorante que me senti lisonjeado. Achei que "filho pródigo" seria sinônimo de "garoto prodígio" ou algo do tipo. A língua portuguesa é assim, cheia de palavras parecidas, e por vezes se faz necessário algum conhecimento da Bíblia para entendê-la, mais precisamente o Evangelho de Lucas no versículo 11, no caso do filho pródigo - que traduzindo para La Fontaine, teria sido a cigarra e não a formiga. A confusão começou quando eu era criança e chamava o Cristo Redentor de Cristo Rebentou. Ergueria então os braços, alongando-se, ao se livrar das amarras. Até muito pouco tempo achava que a palavra simplório designava algo simples. Como eu era ingênuo... E simplório. Também achava que ladrar era a mesma coisa que roubar. Graças a minha mãe descobri que meu cachorro ladra a noite toda, com medo de ladrões. Como o português, o espanhol também está cheio de falsos amigos, e assim embaraçada é grávida, esquisito é gostoso, parado é em pé, correr é transar, calçada é rua, pegar é bater, um rato é um minuto, ventana é janela, “que tal?” é “como vai?” e não “como está meu cabelo?” - cabelo é pelo, e ruiva é loira. E mesmo aqui, num mesmo país, bastam seis horas de viagem para descobrir que em São Paulo quebra-mola é lombada, sinal é farol, e que sunga é maiô.


 
 
 

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