Quando Saulo mudou seu nome para Paulo
- Saulo Marzochi
- 21 de fev. de 2017
- 1 min de leitura

Esta não é uma história bíblica. Quando estava na faculdade de design fui surpreendido por um dos funcionários do meu departamento no intervalo da aula. - Não sente na mesa! Exigiu. Eu disse, “daqui eu não saio”. Tinha mais gente sentada na mesa, meus professores sentavam na mesa... Por que não? E novamente o funcionário insistiu. Daí virou pessoal. – Não saio, não saio! Exclamei, sendo aplaudido por todos os colegas presentes. O funcionário deu as costas. - Esta vendo, essa é a síndrome dos pequenos poderes. Disse aos colegas, tentando atingi-lo. Eu, complexado, acusando o funcionário de agir de acordo com seu possível complexo. Mais tarde descobri que volta e meia dependeria deste mesmo funcionário para uma série de burocracias. E agora? Um dia tive de ligar pro ramal dele, pedir uma informação importante. Pensei que seria melhor não me identificar, vai que ele fica de vingança e resolve me sabotar... De qualquer forma perguntaria quem é. Decidi então mudar meu nome de Saulo para Paulo momentaneamente. Ideia genial. Pressuposto que existiriam inúmeros Paulos no mesmo departamento, um nome tão comum... De todo modo, de Paulo para Saulo, qualquer problema eu alegaria que entendera errado, que eu teria dito “Saulo” e ele teria entendido “Paulo”, como acontece comigo o tempo todo, todos os dias. Liguei e o funcionário atendeu: - Alô, quem fala? - Boa tarde, aqui é o Paulo. - Paulo? Que Paulo? Por acaso não seria o Saulo? (E o funcionário então demonstrou uma habilidade fantástica de reconhecimento de voz). - Então, sou eu mesmo, o Saulo. - Por que Paulo? - Que? (Dissimulei). - Por que Paulo? (Insistiu). Desliguei.
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