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MBL x LGBT

  • Foto do escritor: Saulo Marzochi
    Saulo Marzochi
  • 3 de out. de 2017
  • 3 min de leitura

Os homens são terríveis. Estes pornógrafos, tarados, opressores, são tão literais e previsíveis... Parecem se excitar mais com a nudez do que com um olhar. Parecem preferir transar em vez de fazer amor. Parecem ir direto ao ponto, em vez de ganhar terreno aos poucos. Ou partem como um raio, logo depois que gozam, se é que esperaram ela gozar. Então, da mesma forma que tantos homens desconhecem as mulheres e seus dispositivos de sublimação, em oposição, parece haver certa incompreensão e ignorância por parte das feministas complexadas sobre a natureza heterossexual masculina.

O homem não precisa ser tarado, estuprador ou pornógrafo para ficar de pau duro com uma cena de nudez, se é que a arte não acolheria os impulsos biológicos de uma ereção honesta, como desdobramento de uma obra. Notadamente a sofisticação do olhar permite a dissociação cada vez mais nítida entre nudez e pornografia, o que é uma construção estética da cultura e do olhar sobre o outro. Discussão similar também ocorreu nas praias cariocas há pouco mais de meio século, na época em que maiô e banho de mar eram coisas de maluco.

Gozado, justamente no país do Carnaval, da bundinha, do peitinho, justamente aqui, a nudez e a pornografia se confundem até mesmo para pessoas minimamente instruídas, que deveriam dissociar práticas e contextos. Com tanta coisa errada no mundo, inclusive o próprio estupro e pedofilia reais, é com os artistas que vamos implicar, aqueles que tentam mostrar justamente os calcanhares de Aquiles de todas as hipocrisias e idiossincrasias da sociedade. O que as artes plásticas tentam fazer é dissociar, com toda a razão, a nudez do erotismo, o erotismo da pornografia, e até quem sabe o pornográfico da canibalização do corpo e do espírito. O mundo já nos estupra, dia após dia, sem precisar de caralhos. Agora que o país expõe um crescimento modesto, com a queda da inflação e o aumento do emprego, inventa-se esta discussão besta, soando convenientemente a ambos os lados: enfraquecer a classe artística e expor a classe conservadora.

Mais uma vez a discussão foi desgraçadamente polarizada entre esquerda e direita, MBL e LGBT, coxinha e petralha, humanas e exatas, artistas x burocratas, com a ajuda da truculência de todos. Se num polo, condenam a manifestação artística, no outro, provocasse gratuitamente com obras que são na verdade dejavú de outras performances super manjadas. De um lado, artistas sem o mínimo de bom senso, e de outro, um público ofendidinho e inflexível.

Infelizmente os artistas que outrora lutavam contra o statusquo nos anos 60, hoje, justificam qualquer tipo de populismo que simule o apoio à arte, com um discurso sem pé nem cabeça, de quem reproduz a voz da galera, em vez de efetivamente se informar, como se custasse muito esforço para a esquerda ler o caderno de economia, e como se custasse muito esforço para a classe mais conservadora estudar um pouquinho de história da arte. Mas o que não pode é alguém como Crivella, pastor e político ardiloso, definir o que é ou não é arte.

De todo modo, parece muita arrogância querer educar o publico por fórceps. Por mais que se deseje chocar, as artes visuais continuam se pretendendo herméticas, pois que isto trás uma aura de “coisa que quase ninguém entende”, um glamour intelectual. Por fim, não se pode limitar o trabalho genuíno de um artista, assim como os artistas não podem se sentir imunes aos efeitos colaterais de seus próprio trabalhos, achando que o público brasileiro se comportará como o nova-iorquino.


 
 
 

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