A lógica da macheza
- Saulo Marzochi
- 19 de dez. de 2017
- 2 min de leitura

Os gaúchos tem a lógica da macheza, que não é machismo, mas uma honestidade varonil, e sobre tudo, uma rusticidade na coerência. Pela lógica gaúcha, um gaúcho gaudério pode até comprovar sua macheza fazendo sexo com outro homem. Bizarro? Então vou contar a história. Aconteceu com um tio dum amigo meu, que não era apenas gaúcho, mas macho, macho até de baixo d’água, campeiro do vale do pinhão. E os gaudérios gostam de vangloriar-se de seu rio Guaíba sujo, do céu azul anil, da carne do gado, da gineteada, da irritação com os “bugres” ladrãozinhos de cavalos, facões e machados, assim se referindo aos índios do sul.
Este era um tanto ingênuo. Para se ter uma ideia, antes do tal episódio, acampou com os sobrinhos para caçar caturrita, mas os moleques lhe enrolaram de corpo inteiro com fita adesiva enquanto dormia, encachaçado. Acordou de madrugada assustado com tamanho travamento e pediu ajuda aos sobrinhos, dizendo a frase que ficou para os anais de sua família: “- Não se assuste não guri! Mas eu acho que acabei de sofrer um derrame”. Tempos depois resolveu ir à cidade, e lá, conheceu uma loira grande, em sua visão, um baita de um eguão, um tipo que nunca lhe daria qualquer condição. Então, precipitou-se a levá-la num motel, e segundo disse: Quando baixou sua calçola, de quatro, uns bagos apareceram do nada, balançando de um lado para outro, como pendulo de um relógio antigo. “– Fugiste?” Perguntamos. “ – Claro que não! E eu sou homem de fugir?” Respondeu o gaudério. E continuou: “– Bah! Tu não vais acreditar, tu sabe que não sou de levar desaforo pra casa, então, comi o cu do puto!”. A partir daí a frase “comi o cu do puto” ficou célebre entre nós, e lembrávamos dela sempre que desejávamos dar uma boa gargalhada.
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