A arte do "tudo pode"
- Saulo Marzochi
- 16 de set. de 2017
- 1 min de leitura
Completamente nonsense quem não tem formação artística, discutir arte com quem não é artista e/ou não estuda arte. A arte foi colocada na zona do "tudo pode" e do "gosto", o que é um engano. As escolas também não tem formação artística que preste, embora em muitas conste no currículo. Se tivessem, discussões insólitas como esta não aconteceriam. Uma obra também muda completamente de contexto quando extraída do museu e veiculada no facebook. É como se postássemos frases soltas de trechos da obra "Justine" de Marques de Sade. As aulas de artes dadas nas escolas não tem viés contemporâneo, não tem nada a ver com o que lidam as instituições sérias, até porque exige-se certa maturidade e nível intelectual para abordagem contemporânea da arte, para entender o conceito de um trabalho, o objeto de estudo de um artista, as formas de interação com os espaços, contextualizando dentro de movimentos artísticos, históricos e políticos. O resto é artesanato de bazar, é pintura que se vende na pracinha, ou na feira hippie do Leblon. O resto é neomodernismo fajuto, é releitura de Portinari ou de Picasso. Esse tipo de arte que só se compromete com a beleza e com a decoração não é arte contemporânea, ou seja, não é a "arte" dos "cadernos de arte". Nesse sentido, os objetos naifes de barro e madeira são mais honestos, ligados ao artefato antropológico, assim como os cachimbos de durepox e pequenas esculturas de Bob Marley. Será essa a arte que Crivella deseja ver nas galerias e instituições?
Comments