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Empoderamento

  • Foto do escritor: Saulo Marzochi
    Saulo Marzochi
  • 21 de fev. de 2018
  • 3 min de leitura

O empoderamento é a inclusão da sociedade a respeito de seus direitos, e o empoderamento feminino presume também a igualdade dos gêneros. Conceito tão delicado e pertinente, que foi preciso criar uma série de leis e adequações que sustentassem essa necessidade de igualdade, como por exemplo a lei Maria da Pena, e as licenças maternidade. No Brasil, qualquer mulher, mesmo a mais avariada das ideias, pode colocar qualquer homem na cadeia com alegação de agressão física ou moral, mesmo na ausência de qualquer marca ou testemunha. Uma das poucas coisas que funcionam no Brasil. Medida necessária, frente ao feminicídio e aos próprios homicídios tão corriqueiros por aqui. Maria da Penha era dona de casa submissa, e hesitou fugir de seu marido até o dia em que o mesmo a deixou tetraplégica.

Hoje, basta o homem num cargo acima, dar uma cantada em alguém do cargo à baixo que já é considerado assédio e humilhação. E às vezes me pergunto, como se comia todo mundo antigamente? Não é difícil de se imaginar que, num futuro próximo, os filhos projetados por casais gays serão corriqueiros, e os filhos de casais héteros serão meramente acidentais.

O empoderamento feminino não empodera, mas acaba transformando a mulher em commoditie, ou fantoche, de si mesma. Ser mulher como forma de agregar valor, sem de fato igualar seus direitos em relação aos homens, é, a grosso modo, um dos principais efeitos do marketing de gênero. Este último, em super-ultra-ultima análise, é a forma que a própria sociedade de consumo encontrou para canalizar a frustração das mais barangas.

Um dos possíveis efeitos futuros deste tipo de abordagem de afirmação sexual barata, lesbilizante e intermitente, poderá ser a gozada noção de empoderamento masculino. Os homens reconheceriam a necessidade de ter várias fêmeas, como fazem índios, bonobos e chimpanzés, e seria instaurada a poligamia. Veríamos livros de autoajuda nas vitrines, com o título “Puta Não É Traição”, contando a história de homens que dormiam chupando o dedo ao lado de suas megeras, e tudo isso teria de ser supostamente aceitável. No final das contas, nada disso serve pra deixar ninguém mais feliz, igual, ou seguro. O marqueting do empoderamento serve também pra vender xampu, lingerie e dar a falsa impressão às mulheres de que elas seriam melhores apenas por serem mulheres.

A discussão sobre empoderamento feminino, em vez de ajudar as mulheres a igualar seus direitos em relação aos homens, principalmente no que tange a disparidade entre os salários médios de homens e mulheres, prefere ater-se ao campo subjetivo e meramente simbólico, acarretando em novas afetações e paranoias. Outro ponto importante que é pouco discutido é a diferença na educação, em relação a atribuição de responsabilidades aos meninos e as meninas, e o porquê de existirem homens e meninos tão mimados no Brasil.

O marketing de gênero em vez de esclarecer e educar, apenas inverte os valores. Hoje, qualquer mulher cinquentona ou sexagenária que apareça namorando um garotão de vinte anos é sinônimo de sucesso, riqueza, bem estar e empoderamento. Temos sido condicionados a achar o contrário ridículo. Chamamos os homens grisalhos de mãos dadas com suas ninfas de Tios Sukita, expressão originária de uma propaganda dos anos noventa, em que um homem mais velho abordava uma mulher mais nova no elevador . Como se homens com 50 tons de grisalho não tivessem o direito de se repaginar. Como se estivessem fazendo exploração sexual de menores, verdadeiros Berlusconis – e como se mulheres mais novas não fossem nunca atraídas sexualmente por relacionamentos edipianos e paternais, que envolvam poder e/ou dinheiro. No fundo, a discussão sobre empoderamento feminino só interessa as mulheres que veem na política, e no discurso ideológico, sua provavel opção de caminho para o seu próprio empoderamento: um cargo político?

EMPODERAMENTO é uma palavra que está cada vez menos empoderada, de tão utilizada pela boca grande. Esse é o problema de banalizar as palavras, elas perdem o sentido. Daqui a pouco falaremos sobre o empoderamento dos ratos de laboratório que reagiram à determinada droga, do empoderamento dos hamisters, do empoderamento dos jabutis. Eu gostaria que as pessoas se preocupassem muito mais em ser ponderadas do que empoderadas, pois o empoderamento também é fonte de inesgotável insolência, algo que vem se agravando no povo brasileiro. O empoderamento feminino leva a idiossincrasia de que de nada adianta ganhar mais do que os homens, pra depois torrar toda a grana em produtos l'occitane.

A mulher que subiu na vida, exclusivamente, graças a sua beleza e gostosura, não deveria fazer auto-marqueting com esse papo de empoderamento feminino, se emergiu graças a manipulação de valores masculinos, principalmente numa sociedade pornográfica. Mulheres que são apenas objeto de masturbação não são verdadeiramente empoderadas do ponto de vista feminino.


 
 
 

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