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Cantada e assédio

  • Foto do escritor: Saulo Marzochi
    Saulo Marzochi
  • 15 de jan. de 2018
  • 2 min de leitura

Quem não sabe a diferença entre cantada e assédio, também não saberá discernir xingamento e elogio, ou o mal do bem, o mau do bom, ou o sim do não. Ora bolas, assédio é tudo aquilo que não se pode fazer com nossas mulheres, mães, irmãs, primas e amigas.

Ouvi dizer que no Japão o assédio pode ser caracterizado apenas por tentar olhar através da estreita fresta dos olhos de uma japonesa por meio do reflexo da janela do metrô. Um flerte parisiense típico. Mas parece que na contramão de todos os esforços contra a violência sexual e o feminiscídio, o mundo pasma frente a certas declarações infelizes, como a de Catherine Deneuve, dando a entender que uma encoxadinha vai bem. Claro que sob seu ponto de vista, os ambientes que frequenta, os homens tendem a ficar mais frouxos e comedidos a tomar iniciativas, frente a realidade elitista, hiper monitorada, de uma vida aparentemente politicamente correta. E isso difere muito da realidade das periferias, e de ambientes controlados por sharrias, pelo crime organizado.

Mas os porcos chauvinistas podem aparecer em todos os lugares, assim como abutram os pedófilos, que não são os únicos a manifestar certas obscuridades no comportamento. Já falei aqui de minha teoria sobre a síndrome de chapeuzinho vermelho e a síndrome do lobo mau. São teorias psicológicas de botequim, mas muito elucidativas para a explicação de alguns arquétipos humanos comentados por histórias infantis. O lobo mau é o homem que não controla seus impulsos, seus instintos primitivos, por estímulo cultural ou problema mental. Já a chapeuzinho vermelho, está sempre em apuros, mesmo depois de ser alertada. Dá sempre um jeito de se meter em lugar ermo, normalmente repete os mesmos erros, como também as mesmas situações de abusos, como que guiada por um anjo perverso, ou um instinto sexual autoflagelador.

É claro que a mesma cantada aplicada com sucesso em um baile funk, talvez soe traumatizante em outro ambiente, com outra pessoa. E mesmo entre as mais recatas e de família, cada uma provavelmente interpretará ao seu modo, o mesmo comentário pronto, feito pelo mesmo pedreiro que trabalha em obra urbana.

Não devemos condenar Catherine Deneuve, nem, em contrapartida, condenar o “politicamente correto”, pois a dualidade da discussão contribui para a evolução da sociedade e suas ordens inventadas. Em super-ultra-última análise, foi graças ao feminismo que as vaginas passaram a ser vistas como mulheres, e , por conseguinte, as mulheres passaram a ser vistas como indivíduos.


 
 
 

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