top of page

As lâmpadas

  • Foto do escritor: Saulo Marzochi
    Saulo Marzochi
  • 20 de abr. de 2019
  • 1 min de leitura

O feixe de luz amarelo alaranjado de um poste velho, numa estrada do interior, me remete a época em que todas as luzes eram amarelas. Nas fotografias noturnas antigas, são a luzes amarelas que desenham os semblantes das pessoas, assim como Rembrandt desenhava e pintava rostos com a luz da vela. Amarelo e laranja eram a essência das formas e paisagens nas fotografias, além de compor minhas lembranças. É pela luz amarela que emana do poste que tantas vidas iluminou, que me permite entrar em contato com essas memórias, de tenra infância, quando acompanhava o feixe alaranjado, da iluminação urbana, dentro do carro em movimento, guiado por meu pai. Agora as luzes são brancas, fluorescentes e estridentes. Não são capazes de suscitar memórias, me trazendo essencialmente para o agora. Uma luz branca ardida e venenosa, que transforma lares em delegacias, acaba tornando nossa pele esverdeada, luz ideal para uma necropsia. Essas lâmpadas brancas deveriam ser proibidas, pois que tiram o brilho da vida, e da noite, em nome da economia.


 
 
 

Comentários


Posts Destacados
Posts Recentes
Procure por Tags
Siga
  • Google+ Long Shadow
  • Facebook Long Shadow
  • LinkedIn Long Shadow
  • Twitter Long Shadow
bottom of page