A tal polarização
- Saulo Marzochi
- 25 de ago. de 2019
- 3 min de leitura

Bolsonaro só tem indicado incompetentes para os ministérios e cargos imprescindíveis, porque só pode indicar pessoas de sua extrema confiança, isto é, pessoas próximas a ele. Como mequetrefe só anda com mequetrefe, o presidente tem indicado gente que não tem competência nem formação profissional, moral, ou anal, para todos estes cargos. Agora tentam aparelhar tudo e todos para livrar a cara do filho ladrão. Exoneram todos aqueles que não lambem as suas botas, além de ressuscitar praticas de nepotismo da idade média. Bem que os petralhas avisaram, mas eu não dei bola, enquanto acusavam Bolsonaro de fascista, achava que tudo isso era marqueting e sensacionalismo da esquerda; e acreditar nisso parecia favorecer ao PT. Hoje, a Amazônia queima, e os seguidores do presidente não dão bola, pois que a denúncia parece favorecer a oposição. Doença? Mau-caratismo? Ignorância?
Quem anda com porco come farelo, mas quando no caso o presidente é justamente o porco, é a população brasileira inteira que vai comer farelo e vender milho no acostamento. É questão de tempo. E por que defendem? Por causa do orgulho de reconhecerem que poderiam estar errados. Que o caminho fácil para a alternância de poder, e que respostas fáceis para problemas difíceis, poderiam ser ainda piores do que uma possível administração petista. Tudo por causa do medo implantado nas redes sociais quanto a uma possível ameaça bolivariana. Sendo que nossos bolivarianos são na verdade hipsters de boutique viciados em likes, e não guerrilheiros de verdade. E por fim, aqueles que ainda apoiam Bolsonaro são justamente os que não conseguem diferenciar news de fakenews, e apresentam dados e gráficos falsos, desprezando o trabalho, tendencioso ou não, dos jornalistas de verdade, que tem reputação a zelar e que não podem divulgar qualquer coisa sem uma apuração, em vez de criar uma fábrica irresponsável de memes.
No documentário Privacidade Hakeada, no Netflix, é descrito o processo que envolve a Cambridge Analytica, uma das grandes responsáveis pela bipartição e extrema polarização do mundo atual, privilegiando a ascensão da extrema direita. Que com algoritmos, e cinco mil pontos de comportamento na web de cada eleitor, bombardeou a população, por meio do face e do zapzap, com um turbilhão de notícias falsas, garantindo a vitória do grupo político que a contratou. Com isso, tem decidindo eleições mundo afora, e assim cada eleitor fica preso em sua bolha, se tornando especialista nos próprios argumentos. Com isso, os neonazistas ficam ainda mais nazistas, achando que é bonito ser nazista, e que todo mundo quer ser assim, nazistinha que nem ele.
Eu acho muito curioso como tanta gente vê em Bolsonaro o fim da democracia. Como se democracia só estivesse valendo para o time alheio. Porque pimenta nos olhos dos outros é refresco. E como se o atual ataque teatral às instituições fosse muito pior do que o aparelhamento petista. Talvez o fenômeno Bolsonaro seja fruto de nosso excesso de democracia e exagero de representatividade. A maior parte do povo brasileiro é constituída por reacionários, homofóbicos, trogloditas, mequetrefes, e foi essa maioria que ganhou a eleição e se sente muito bem representada. Os professores universitários donos do "monopólio do bem" são minoria e por isso perderam a eleição. O povo brasileiro, na hora de escolher entre o imbecil patologicamente sincero, e o professor universitário mentiroso, optou pelo imbecil sincero. Será isso o fim da democracia? E quando Bolsonaro faz suas declarações preconceituosas e grosseiras, isso cria uma grande empatia com o povo que o elegeu e que se identifica com ele. Quanto mais grosserias o presidente fala, mais é adorado pela maioria da população ignorante, que consegue entender seu modo simples de se expressar. Bolsonaro, falando besteiras, consegue manipular sofisticadamente a mídia, desviando o foco dos problemas reais para picuinhas palacianas.
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