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Meu avô Floriano

  • Foto do escritor: Saulo Marzochi
    Saulo Marzochi
  • 26 de dez. de 2019
  • 1 min de leitura

Nos últimos natais e viradas de ano, meu avô Floriano bebia recluso e triste. Ninguém tinha coragem de perguntar o que lhe entristecia, devido ao medo de que respondesse com tom agressivo. Com certeza era algum arrependimento, mas do que se arrependia? Pedir desculpas, reconhecer erros, não era coisa de nossa família, ainda mais nessa geração, acostumada com tiranias. Meus avós foram forjados em um Brasil muito mais rústico, que acompanhou a segunda guerra mundial pelo rádio, com as cores da imaginação. Quase vinte anos depois da morte de meu avô Floriano, passei muitos natais e viradas de ano bebendo, chorando, amargurado, sem saber de onde vinha aquela tristeza. Ninguém tinha coragem de me perguntar o que me entristecia, devido ao medo de que eu respondesse com tom agressivo. Com certeza era algum tipo de arrependimento. Mas do que me arrependida?


 
 
 

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